quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lou Reed & Metallica - Lulu (2011)

Lulu é um álbum colaborativo entre o cantor/compositor Lou Reed (ex-The Velvet Underground) e a banda de Heavy Metal Metallica. Pela lógica um dos mais aclamados compositores do Rock + uma das maiores bandas do mundo = um grande álbum... porém não é o que acontece em Lulu. A ideia deste disco colaborativo surgiu por iniciativa de ambas as partes em 2009, na cerimônia de 25 anos do Rock And Roll Hall Of Fame onde o grupo e o cantor fizeram uma performance juntos.

O álbum começou a ser gravado em Abril deste ano secretamente, sem nenhuma divulgação de que seria um disco da parceria Lou Reed & Metallica, a partir de uma série de canções que Reed havia composto para uma produção teatral chamada Lulu, originalmente escrita pelo dramaturgo alemão Frank Wedekind.

Já na primeira audição fica claro que cada um dos participantes do álbum teve suas funções bem determinadas, sendo Lou Reed o responsável pelas letras e vocais principais, e o Metallica pela parte instrumental e alguns backing vocals, soando mais como uma banda de apoio contratada por Reed do que como um participante efetivo do disco. Em certos momentos do álbum a impressão de que tudo foi gravado sem interação entre as partes é muito forte, deixando uma pulga atrás da orelha do ouvinte que acaba supondo que a banda gravou suas partes em um estúdio e o cantor em outro.

"Brandenburg Gate" abre o disco com Lou Reed espancando um violão 12 cordas até o momento em que entram em cena guitarras cheias de distorção, uma bateria enfurecida e a voz gutural de James Hetfield. A música segue com Reed usando a interpretação chamada "Spoken Word", onde a voz principal é falada ao invés de cantada, e essa maneira de "cantar" as músicas segue presente do inicio ao fim do álbum, ficando Hetfield com as (poucas) partes vocais mais melódicas.

"Iced Honey" é a única música de todo disco que será facilmente assimilada pelo ouvinte, pois soa realmente como uma parceria, tendo suas partes equilibradas e combinando entre si. Tanto a banda quanto o vocalista deixaram de lado por um momento seus estilos e egos e criaram algo juntos que soa totalmente diferente do restante do álbum.

Lou Reed sempre teve seu lado experimental, logo, este disco será melhor aceito por seus fãs e soará muito melhor em sua discografia do que na do Metallica, onde os fãs agirão (suponho) de duas formas: alguns irão aprender a gostar do álbum pelo instrumental muito bem feito pela banda, lembrando em vários momentos os discos clássicos do grupo como Master Of Puppets (1986), e outros vão querer quebrar este disco e ir ouvir "o Metallica de verdade".

Definitivamente Lulu está longe de ser um trabalho genial de ambas as partes e não irá consolidar Lou Reed & Metallica como uma parceria de sucesso.

Destaque para as músicas:
- The View
- Iced Honey
- Frustration


Até mais ^^

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Patrick Stump - Soul Punk (2011)

Patrick Stump é um talentoso cantor, compositor e multi-instrumentista americano, mais conhecido por ser vocalista e guitarrista da banda de Pop Punk Fall Out Boy. Na teoria o Fall Out Boy entrou em hiato em Novembro de 2009 e a partir disso todos seus integrantes iniciaram projetos paralelos, o que acaba diminuindo as chances de uma possível volta da banda a curto prazo.

E em Soul Punk, Stump deixa claro algumas influências que já apareciam timidamente em sua banda e que agora com a liberdade de poder fazer o que quiser e como quiser ganham espaço e definem o som deste grande músico. Neste primeiro álbum solo de sua carreira Stump tocou todos os instrumentos presentes no disco, desde os instrumentos básicos como Guitarra, Baixo e Bateria, passando por (muitos) sintetizadores e até instrumentos de sopro como Trompete, Trombone e Saxofone.

"Explode" abre o disco de maneira explosiva com vários sons de sintetizadores, Bateria com som poderoso e uma linha vocal surpreendente apresentando um ótimo refrão, essa música é sem duvida um teste para qualquer caixa de som ou fone de ouvido. "This City" é uma mistura de influências, sua introdução soa meio Justin Timberlake, enquanto as estrofes evocam Michael Jackson e Prince (grandes ídolos do músico). O refrão da faixa deixa um pouco a desejar, mas o arranjo de toda música chama a atenção por ter muitas camadas sonoras, todas soando em perfeita harmonia.

"Dance Miserable" soa como um Soul vindo direto dos anos 70 empregando a tecnologia de gravação e de instrumentos dos dias atuais, bem swingado mostrando como esse gênero é importante para Stump. "Run Dry (X Heart X Fingers)" é uma das faíxas mais dançantes do álbum, mérito da ótima linha de Baixo que dá a música essa característica ao lado da Bateria e dos Sintetizadores. Na metade da faixa começa a hidden track "Cryptozoology", uma segunda parte/continuação da música anterior que segue a mesma linha dançante usando outros elementos sonoros.

Infelizmente nesse primeiro trabalho solo de Patrick Stump sobrou Soul e faltou Punk, fator que deixará muitos dos seus fãs vindos dos tempos de Fall Out Boy decepcionados. Mas em compensação o artista mostra habilidades nunca vistas em seus trabalhos anteriores com a banda, deixando claro que seu potencial solo pode ser tão grande quanto com a banda.

Destaque para as músicas:

- Explode
- Dance Miserable
- Run Dry (X Heart X Fingers)
- Greed
- Everybody Wants Somebody

 

Até mais ^^

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Criolo - Nó Na Orelha (2011)

O rapper Criolo já está na "estrada" desde 1989, mas só chamou a atenção da mídia musical nacional em 2010 com a divulgação dos dois primeiros singles de seu novo disco. Seu álbum de estreia intitulado Ainda Há Tempo foi lançado em 2006, mas não teve nem 1/10 da repercussão de Nó Na Orelha lançado em Abril deste ano e com produção de Daniel Gajaman e Marcelo Cabral.

Neste disco Criolo abandona o "sobrenome" Doido, que o acompanhava a anos, e mostra que além de ser um grande rapper com influência no cenário nacional, sendo um dos criadores da Rinhas Dos MC's, é também um ótimo cantor, mostrando em seu álbum que se sente muito bem fazendo Rap e cantando em ritmos como Soul, Samba, Bolero e MPB.

"Bogotá" abre o disco em ritmo latino conduzido pela Percussão e Guitarra seguido por belas frases feitas por um naipe de metais que está presente em toda faixa com partes que fazem toda diferença. "Subirusdoistiozin" foi o primeiro single do álbum, escolha muito bem feita, pois a música é uma das melhores do disco e deixa claro a intenção de Criolo de misturar o Rap com outros estilos. O arranjo da faixa conta com a base tradicional do Rap feita por uma Bateria eletrônica e adiciona instrumentos como Piano, Guitarra, Baixo e Trompete.

A melancólica "Não Existe Amor Em SP" é uma ode a maior cidade do país, falando da sua realidade cheia de diferenças e perigos conduzida por uma bela linha de Piano Rhodes tocada pelo produtor Daniel Gajaman em um arranjo que ainda conta com um quarteto de Cordas para embelezar ainda mais a música. "Freguês Da Meia Noite" mostra Criolo como um cantor de Bolero brega acompanhado de um instrumental bem característico do gênero.

Em "Grajauex" o cantor/rapper volta as raízes falando de seu bairro natal com rimas rápidas e bem feitas, como se estivesse em uma batalha de MC's. "Samba Sambei" apesar do nome é um Reggae bem swingado e que mais uma vez mostra a versatilidade deste artista. "Linha De Frente" fecha o álbum com um samba de raiz que conta com todos os elementos desse gênero com Cavaquinho, Surdo e outros instrumentos de Percussão característicos do ritmo.

O disco foi muito bem avaliado pela crítica musical, nacional e internacional, e ganhou os prêmios de Melhor Álbum, Música Do Ano ("Não Existe Amor Em SP") e Artista Revelação no VMB 2011. Além disso o disco com certeza vai estar presente nas listas de Melhores Discos Nacionais de 2011 de diversos sites, blogs e em revistas como a Rolling Stone que já deu ao álbum 4/5 estrelas.

Destaque para as músicas:

- Subirusdoistiozin
- Não Existe Amor Em SP
- Grajauex
- Lion Man
- Linha De Frente

 

Até mais ^^

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

SuperHeavy - SuperHeavy (2011)

Em meados de 2009 em algum estúdio de Los Angeles, a lenda Mick Jagger (Rolling Stones), o guitarrista Dave Stewart (Eurythmics), Joss Stone, Damian Marley e o cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista A.R. Rahman resolveram se reunir para escrever algumas canções. De lá pra cá passaram-se dois anos, e em 16 de Setembro deste ano veio a luz o resultado desta e mais algumas seções de estúdio sob o nome SuperHeavy, que batiza o supergrupo, o primeiro álbum do mesmo e a primeira música do disco.

A primeira impressão que se tem ao ouvir o álbum inteiro é a de que todos os integrantes, cada um vindo de um gênero diferente, misturaram seus estilos na parte instrumental das músicas, apesar de Damian Marley ter predominado com seu Reggae, por ter mais dois integrantes de sua banda de apoio tocando Baixo e Bateria. Já na parte vocal fica claro que cada cantor optou por manter as características de seu gênero, tendo Mick Jagger como representante do Rock, Joss Stone da Soul Music, Damian Marley do Reggae e A.R. Rahman da música indiana.

A faixa titulo do disco, "SuperHeavy", abre o álbum mostrando a mistura que o grupo propõe fazer guiada pelos vocais de Damian Marley e com partes feitas pelos demais vocalistas. O instrumental da faixa é composto por uma base de Reggae com sintetizadores e guitarras de Rock, formula presente na maioria das músicas do disco.

A terceira faixa do álbum "Miracle Worker" foi lançada como primeiro single do supergrupo e segue a mesma linha da faixa de abertura, porém adiciona partes vocais mais melódicas tanto nas estrofes como no refrão e um belo solo de Violino. "Energy" é uma das músicas mais rockeiras do disco, tendo guitarras com distorção e um ritmo rápido e marcado conduzido pela Bateria.

"Satyameva Jayathe" tem o intuito de ser a faixa "indiana" do álbum, mas pode ser que lembre para os ouvintes brasileiros o ritmo nordestino Tecno Brega, por ter uma levada de Bateria muito semelhante e a presença de sons de Teclado característicos deste gênero durante as estrofes, mas o arranjo ainda apresenta um ótimo refrão e mais um belo solo de Violino. A segunda parte do álbum é conduzida pelos vocais de Mick Jagger, mostrando que apesar de seus 68 anos de idade ainda é um dos maiores vocalistas da história da música popular em ótimas faixas como a bluseira "Never Gonna Change" e a animada "I Can't Take It No More".

SuperHeavy pode ser definido como um supergrupo de World Music que consegue misturar muito bem os diferentes gêneros de seus integrantes em algumas músicas e que em outras deixa de lado os rótulos que cada um dos membros carrega e cria algo voltado para algum gênero em comum, como a música Pop. Este não é um disco que vai mudar o mundo e dar ao SuperHeavy o título de maior supergrupo de todos os tempos, mas é um álbum extremamente interessante para os fãs dos artistas que participaram dele e para quem simplesmente aprecia a boa música.

Destaque para as músicas:

- SuperHeavy
- Miracle Worker
- Never Gonna Change
- Rock Me Gently
- I Can't Take It No More
- I Don't Mind


Até semana que vem ^^

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Coldplay - Mylo Xyloto (2011)

Mylo Xyloto é o quinto álbum da banda inglesa Coldplay e sucede o aclamado por público e crítica Viva La Vida Or Death And All His Friends (2008)

Se em Viva La Vida... a turnê criava um conceito para disco, agora em Mylo Xyloto Chris Martin e companhia resolveram ter o conceito dando norte ao álbum. Segundo o vocalista do grupo, este disco é baseado em uma história de amor com final feliz vivida por dois personagens: Mylo e Xyloto.

O álbum deixa claro logo na primeira audição que este é um Coldplay mais animado, mais "pra cima" que o dos discos anteriores (principalmente se comparado aos primeiros trabalhos do grupo) e a forte influência exercida pelo músico/compositor/produtor Brian Eno com suas atmosferas sonoras criadas por sintetizadores no processo de composição e gravação do álbum.

A faixa título "Mylo Xyloto" resume em seus 43 segundos qual é o clima do disco e serve como introdução para a animada e pronta para os estádios "Hurts Like Heaven" com seu arranjo elaborado com precisão cirúrgica, onde cada elemento sonoro tem sua importância e significado, característica dos discos produzidos por Brian Eno.

Em seguida o segundo single do álbum, "Paradise", inicia com sua bela introdução composta por cordas e teclados e abre caminho para uma das melhores músicas do disco, equilibrando de forma magistral partes pomposas, cheias de instrumentos e partes simples contando apenas com o básico, além de um dos refrões mais grudentos já criados pela banda.

"Charlie Brown" segue a animação das faixas anteriores com sua frase instrumental que acaba sendo a caracterísca da música e servindo perfeitamente como refrão acompanhada do tradicional coro "whouooo" que certamente será cantado nos shows desta nova turnê. "Us Against The World" lembra os primeiros discos do Coldplay, sendo uma das músicas com arranjo mais simples do disco, simples e extremamente bonito.

"Every Teardrop Is A Waterfall", primeiro single do álbum, é introduzida pela pequena faixa instrumental "M.M.I.X." e tem um ritmo característico que norteia toda música junto com um ótimo riff de guitarra, provavelmente esta faixa será remixada e tocada nas pistas de dança de todo mundo. "Princess Of China" tem a participação especial de Rihanna mas deixa a desejar, estaria melhor em um disco da cantora do que em um disco do grupo.

Mylo Xyloto vai dar continuidade a ascensão do Coldplay ao Olimpo da música mundial e quem sabe fará com que as comparações feitas pela crítica sejam de "o Coldplay seguindo os passos de bandas grandes como o U2" ao invés de "o Coldplay querendo ser o U2".

Destaque para as músicas:

- Hurts Like Heaven
- Paradise
- Charlie Brown
- Every Teardrop Is A Waterfall
- Major Minus
- Up In Flames
- Don't Let It Break Your Heart


Até mais ^^