quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mallu Magalhães - Pitanga (2011)

A jovem Mallu Magalhães começou sua carreira de maneira precoce aos 15 anos de idade com a pressão de ser a grande revelação da música brasileira. Desde lá foram dois discos lançados, um em 2008 e outro em 2009, (ambos levam o nome da cantora como título) onde no primeiro Mallu mostrava a grande inflûencia exercida por artistas da música Folk americana como Bob Dylan e Johnny Cash em letras simples e infantis, e no segundo sua transição do universo americano para o da música brasileira, atuando um pouco de cada lado e mesclando temas infantis e adolescentes.

Agora em Pitanga, com 19 anos de idade e com letras mais maduras, a cantora e compositora mostra que a influência da música brasileira foi mais forte que a da estrangeira, em boa parte graças ao seu namoro com o integrante do Los Hermanos, Marcelo Camelo, que participou efetivamente da construção deste álbum como compositor, arranjador, instrumentista e produtor.

"Velha E Louca" abre o disco em um reggae leve de arranjo simples, onde se faz presente um dos instrumentos preferidos de Mallu em seu período Folk, o banjo, ao lado de uma bateria bem marcada e guitarras meio surf music. A letra de "Cena" lembra muito as canções dos Los Hermanos, e o instrumental da música contribui para fortalecer a impressão de ter sido composta pelo próprio Marcelo Camelo. A performance vocal de Mallu é extremamente controlada, sabendo até onde sua voz soa bem, evitando notas mais arriscadas como nos trabalhos anteriores.

"Sambinha Bom" marca a entrada definitiva da cantora na MPB com um belo arranjo que preza pela delicadeza instrumental, servindo muito bem ao clima da letra. "Olha Só, Moreno" é uma declaração de amor descarada ao seu companheiro, a métrica das estrofes e principalmente do refrão lembram muito a maneira que Mallu cantava em seu primeiro disco, doce, ingênua e despretensiosa.

A quinta faixa do álbum, "Youhuhu", é a primeira a ser cantada em inglês, mas ainda assim conta com uma parte cantada em português, e mistura Folk, Reggae e MPB em um arranjo simples e eficiente com uma bela frase melódica assoviada como solo. "Por Que Você Faz Assim Comigo?" é o ponto alto da expressão da maturidade da cantora, demonstrando com facilidade seus sentimentos em uma letra intensa que aponta novos rumos em seu trabalho como compositora.

Mallu Magalhães consegue mostrar em seu terceiro disco que a menina virou mulher, com base em faixas que apresentam uma consistência harmônica e melódica nunca antes vistas em seus trabalhos. Sem dúvida o namoro com uma pessoa mais velha e com uma experiência musical maior como Marcelo Camelo contribuíram muito para o aumento da qualidade do trabalho da cantora.

Destaque para as músicas:

- Velha E Louca
- Cena
- Youhuhu
- In The Morning
- Lonely
- Ô, Ana


Até mais ^^


P.S.: Em Janeiro de 2012, O Musicófilo estará de férias, voltando a atividade na primeira semana se Fevereiro.
Então caros leitores, aproveitem para ler as postagens mais antigas, ouvir muita música e conhecer bandas novas que ano que vem O Musicófilo volta com tudo.

Muito obrigado por esse ano e até ano que vem ^^

Feliz Ano Novo!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Agridoce - Agridoce (2011)

Agridoce é o projeto paralelo da cantora Pitty com o guitarrista de sua banda Martin. O duo soa como um contraponto a sonoridade da banda principal, onde as músicas em geral são mais pesadas, fazendo o que foi denominado pela própria cantora como "fofolk", uma música folk mais suave e fofinha, mas com alguns momentos mais melancólicos e agressivos.

Para a gravação do álbum a dupla alugou uma casa na Serra da Cantareira em São Paulo, onde fizeram uma espécie de retiro musical com foco na gravação das músicas, levando para lá todos os instrumentos que seriam usados nas gravações e todo o equipamento necessário para a gravação do álbum.

"Embrace The Devil" abre o disco de maneira suave com o som do ambiente que envolvia a casa/estúdio e uma agradável levada feita pelo violão. Apesar do nome em inglês toda a faixa é cantada em português, tendo somente uma pequena frase em inglês que dá nome a música. "Dançando" foi a primeira música lançada pela dupla e é de uma beleza gigantesca com seu arranjo quase minimalista, tudo muito simples e eficiente, onde fica clara que a base das músicas do duo é formada por Pitty no piano e vocal e Martin nos violões e vocais.

"Romeu" é a faixa mais melancólica do disco apresentando um arranjo com efeitos nas vozes, piano e bateria. Pitty mostra toda sua qualidade vocal neste trabalho com performances muito coesas com o equilíbrio ideal entre técnica e musicalidade. Em "20 Passos", Pitty cede os vocais ao guitarrista Martin com sua bela voz de timbre suave e agradável, combinando muito bem com a sonoridade desta música e deixando o ouvinte com vontade de ouvir repetidamente a faixa.

Assim como a faixa de abertura do álbum, "Upside Down" é cantada em sua maior parte em português, essa é a única música do disco onde os membros da dupla dialogam efetivamente, dividindo as estrofes em uma frase para cada um, como se contassem histórias paralelas e cantando juntos o refrão em inglês. "130 Anos" foi gravada ao ar livre, contando com o som do ambiente externo que dá a música uma sonoridade intimista de gravação caseira.

Com este disco o Agridoce começou sua carreira com pé direito, apresentando ótimas músicas em um álbum equilibrado, que apesar de ter muitas músicas calmas não chega nem perto de ser chato. Infelizmente vamos ter que esperar um bom tempo pela continuidade deste projeto pois querendo ou não, a banda principal do duo exige mais dedicação.

Destaque para as músicas:

- Embrace The Devil
- Dançando
- 20 Passos
- Upside Down
- Epílogos
- O Porto


Feliz Natal!
Até semana que vem ^^

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

The Black Keys - El Camino (2011)

Em Maio de 2010 o duo americano de blues rock The Black Keys lançou o aclamado por público e crítica Brothers, e agora na reta final de 2011 com a maioria das listas de melhores discos do ano já fechadas e publicadas, a dupla formada pelos talentosos músicos e produtores Dan Auerbach (Guitarras e Vocais) e Patrick Carney (Bateria) lança El Camino com o pensamento "por que deixar para 2012 um grande álbum que pode ser lançado em 2011". Este é o terceiro trabalho do duo produzido em parceria com Danger Mouse, que atuou como compositor, produtor e músico, ficando responsável pela parte de teclados do disco.

O hit instantâneo "Lonely Boy" abre o álbum da melhor forma possível, com um riff marcante executado pela guitarra, uma levada de bateria forte e um ótimo refrão de melodia fácil que gruda na cabeça do ouvinte logo de cara. O clipe da música é um show a parte, simples e extremamente eficiente consegue ligar a imagem diretamente a música. 

"Dead And Gone" liga a sonoridade característica do Black Keys a uma sonoridade que lembra as trilhas sonoras de filmes de faroeste, certamente uma influência do trabalho solo mais recente de Danger Mouse, Rome (2011). "Gold On The Ceiling" chama a atenção pelo riff executado pelos teclados e por seu ótimo arranjo. 

"Little Black Submarines" soa como a "Starway To Heaven" do duo, sua estrutura lembra bastante a música do Led Zeppelin, começando calma apenas com voz e violão e a partir da metade tendo guitarras distorcidas, baixo e bateria com um peso absurdo e um grande solo de guitarra. Sem dúvida uma das melhores faixas do álbum. "Run Right Back" é uma das músicas mais dançantes do disco, tem um ótimo riff feito pela guitarra e um grande refrão.

"Hell Of A Season" parece uma irmã mais nova da faixa de abertura do álbum, tendo uma levada de bateria e as métricas das frases da estrofes muito semelhantes. A dupla guarda para o final do disco uma grata surpresa ao ouvinte, a ótima "Mind Eraser" com mais um refrão arrebatador e um grande arranjo.

Este sem dúvida é um dos melhores álbuns de 2011 e com certeza vai estar presente nas listas de melhores do ano que ainda não foram publicadas. Em 2010 o The Black Keys lançou Brothers, agora em 2011 El Camino, será que está por vir outro grande álbum em 2012?

Destaque para as músicas:

- Lonely Boy
- Dead And Gone
- Little Black Submarines
- Sister
- Stop Stop
- Mind Eraser


Até semana que vem ^^

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Wilco - The Whole Love (2011)

The Whole Love é o oitavo álbum da banda americana Wilco. Lançado pelo selo criado pelo próprio grupo, o dBpm, este é o seu primeiro disco totalmente independente. 

Este está sendo o álbum de maior repercussão do Wilco desde o aclamado Yankee Hotel Foxtrot (2002), que foi a primeira tentativa de independência da banda. Resumindo a história o disco foi financiado pela gravadora Warner, recusado pela mesma quando ficou pronto, comprado pela banda por alguns trocados para ser lançado de forma independente e após fazer sucesso quando disponibilizado para streaming a gravadora voltou atrás comprando de volta os direitos de lançamento do álbum, ou seja, a Warner pagou duas vezes pelo disco.

"Art Of Almost" abre o disco ao som de uma bateria em ritmo quebrado acompanhada de vários elementos eletrônicos, uma grande interpretação do vocalista e cérebro do grupo Jeff Tweedy e algumas intervenções melódicas feitas por uma orquestra de cordas e pelo piano que embelezam a faixa. A partir dos 4:30 minutos da música (que no total tem 7:16) a banda faz uma performance instrumental de alto nível que finaliza a faixa em grande estilo.

"I Might" é marcada por uma frase melódica que se repete várias vezes passeando por praticamente todos os instrumentos presentes no arranjo e ganhando destaque ao som do orgão eletrônico. "Sunloathe" tem uma bela harmonia, que reforça seu tom melancólico, é a primeira música mais calma do álbum e onde a banda começa a intercalar uma faixa calma com uma agitada. "Dawned On Me" apresenta um ritmo muito interessante e se mostra como uma das melhores faixas do álbum.

"Born Alone" tem uma sonoridade leve e alegre, sendo uma música muito boa de ouvir graças a grande performance instrumental da banda e ao arranjo feito de maneira muito competente, conseguindo colocar cada elemento sonoro em um lugar de importância sem exagerar na quantidade. "Capitol City" soa como trilha sonora de algum filme antigo em um clima feliz e sem preocupação.

The Whole Love está sendo muito bem avaliado pela crítica e consequentemente está presente, de forma justa e merecida, em quase todas as listas de melhores álbuns de 2011, trazendo o Wilco de volta ao hall das grandes bandas da atualidade.

Destaque para as músicas:

- I Might
- Dawned On Me
- Born Alone
- Standing O
- Whole Love
- One Sunday Morning (Song For Jane Smiley's Boyfriend)


Até mais ^^